sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ser mãe e ser mulher

Conciliar meu papel de esposa com meu papel de mãe não tem sido tarefa fácil pra mim. Descobri isso há dois dias, ao ver fotos minhas e de minhas filhas de um ano e meio, dois, três anos atrás. Revendo essas fotos lembrei do quanto era muito mais dedicada a elas quando estava solteira. Agora, depois de um ano e três meses de relacionamento com o Eduardo, consigo perceber que não estou conseguindo me dividir igualmente entre as duas funções. Para ser uma boa mãe, me transformo numa esposa medíocre. Para ser uma boa esposa, viro uma mãe negligente. Mas qual é a dose?

De um lado estão minhas meninas, uma com 9, outra com 10 anos. Muita energia pra gastar. Fase de transição da infância para a adolescência. Cheias de ciúmes do “estranho” que entrou nas sua vidas e numa disputa intensa pela atenção da mãe que agora não é só delas. De outro lado um homem maravilhoso, meu marido, que mudou toda a sua vida pra estar comigo. Meu companheiro. Faz minhas vontades. Me dá carinho, segurança... E no centro de tudo isso estão meus sentimentos de amor por elas, minha paixão por ele e minha falta de experiência para conduzir toda essa situação. Não quero perder meu marido, mas preciso me manter ao lado delas, que precisam muito mais de mim.

Ultimamente tudo tem me parecido muito difícil no trato com elas. Não sei se a rebeldia das minhas filhas é uma tendência natural da idade que estão vivendo, se estão me culpando e me punindo por tirar o que antes era só delas e dividir com meu marido ou se não consigo mesmo ser uma boa mãe e educadora tendo também um companheiro. O fato é que tenho esbarrado até na dificuldade de ensinar boas maneiras, regras de comportamento e hábitos simples a elas. Até hoje, depois de repetir centenas de vezes a mais nova que devemos mastigar de boca fechada e outra centena a mais velha de que o certo é escovar os dentes assim que levantamos da cama, uma continua mastigando de boca aberta e a outra tomando café da manhã sem escovar os dentes. Socorro! Como repetir cem vezes a mesma coisa sem perder a paciência!

Às vezes o Edu me ajuda e repreende uma ou outra atitude. Elas não gostam, ficam chateadas com ele por reclamar e comigo por permitir. Eu acho certo que ele fale com elas. É ele que convive com a gente todos os dias e vê o meu desespero. Mas essa situação muitas vezes me deixa insegura. Será que estou agindo certo em permitir que ele também se envolva na educação das duas, ou será que essa é uma tarefa a ser desempenhada só por mim? Até que ponto o atual companheiro deve participar da educação dos nossos filhos de um casamento anterior?

Então também entra o meu lado mulher, que antes, mãe solteira, não era tão aflorado. Quero ter o direito de enrolar na cama com meu marido, no sábado, até um pouco mais tarde, sem que minha filha de nove anos bata na porta de dez em dez minutos para me chamar colocar o seu café. Ou sentar com ele num bar, depois de passar o dia com elas num passeio infantil, para tomar uma caipirinha de maracujá, sem que elas reclamem a cada cinco minutos que estão cansadas e querem ir pra casa.

O fato é que para ser perfeita com elas tenho que deixá-lo de lado, o que não é justo comigo, eu acho. Os filhos crescem, vão viver suas próprias vidas, essa é a ordem natural das coisas. Existe também aquela questãozinha ética de não poder, nem dever, abrir mão dos filhos apostando todas as fichas no relacionamento. Um casamento nas circunstâncias do meu, tem muito mais chances de fracasso que de sucesso. No caso de um fracasso, será que eu consigo retomar a admiração e o respeito que minhas filhas sempre me devotaram e que anda abalado? Preciso me organizar, me dosar, me equilibrar, me estruturar, “me virar nos trinta” pra dar conta da tarefa de ser mãe e mulher.

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