domingo, 6 de setembro de 2009

Eu não tenho coragem de te dizer, então quero que você leia

Eu não quero mais continuar com isto. Sei que fiz você chegar longe demais, mas ainda há tempo para reparar nossos erros.

Eu sempre soube que não agüentaria a pressão. É coisa demais pra minha cabeça de menina mimada e egocêntrica.

Quando te conheci você era perfeitamente possível. Era mal casado, insatisfeito, inseguro, tímido... Seria muito fácil pra mim envolver você. E eu me apaixonei por você no segundo encontro.

Quando veio a notícia que sua mulher estaria grávida, pirei! Eu sabia tudo o que sucederia dali pra frente. Tirar da sua vida uma mulher feia, gorda, sem graça, e péssima de cama seria moleza pra mim, mas uma mulher, embora com todos esses defeitos, que cria um laço tão forte quanto um filho, dessa a gente nunca consegue se livrar.

Você lembra como você lutou por acreditar neste relacionamento né? Todas as vezes que tentei terminar e você não aceitou por me amar demais. Todas as vezes que te expulsei e você insistiu em ficar achando que poderíamos dar certo.

Mas já se passaram dois anos, e pode parecer pouco tempo, mas é uma eternidade para quem vive intensamente como eu. Dois anos se passaram e não criamos raízes. Não abrimos uma conta conjunta, não temos o mesmo cartão de crédito, não compramos um apartamento, não fizemos um filho... Nem sua dependente no plano de saúde eu sou. Não fizemos nada que fundamente nosso relacionamento. É por isso que ele é tão frágil!

Não fosse pelos momentos, pelas fotos, poderíamos sair um da vida do outro como se nunca tivéssemos nos conhecido. E é isso que vai acabar acontecendo.

Esse último acontecimento pode parecer um exagero aos seus olhos, mas toda vez que sei que você esteve com ela, reforça em mim o sentimento de que você sempre deu a ela muito mais do que eu tenho. E pode demorar muito tempo até isso tudo mudar. Se mudar.

Tenho perdido o tesão em construir coisas com você. Você sabe que eu quero as coisas na hora e do jeito que eu quero. Não pode ser pra depois, não pode ser diferente. E sou rancorosa. Não quero mais a droga do plano de saúde. Desisiti do filho. Nem pensar mais em casamento! E você é um homem maravilhoso... E eu sou cheia de defeitos... Então eu constato que , como sua mãe falou, “não sou mulher pra você”. Esse também é outro fator decisivo pra eu não querer mais insistir nisso. Eu nunca vou superar a humilhação que sua mãe me fez passar. Nunca!

É constrangedor te dizer isto, mas nunca odiei tanto uma pessoa como odeio sua mãe. E isso conta muito na nossa vida. A gente não tem uma família do nosso lado, não tem aliados. O que nós temos, Eduardo?

Na sexta, quando você me disse a data da audiência, apesar de ter lutado tanto por isso não fiquei feliz, fiquei assustada. A sua resposta quando eu perguntei se a notícia era boa ou ruim: “Eu acho que é boa” ou “Pode ser boa”, não me lembro bem, deixou parecer que você ainda não está certo do que quer. E eu acho mesmo que, até o dia 14 de outubro, você deve pensar bem mais no assunto agora.

Durante todo esse ano, todas as vezes que a gente tem brigado, apesar de não falar nada, tenho pensado muito em voltar pra casa. Não posso fazer nada no período das aulas para não prejudicar as meninas, mas em três meses chegam as férias e queria a sua ajuda pra fazer a mudança, resolver as coisas com a imobiliária e tudo mais.

Já pensei muito a respeito e não tenho dúvidas de que é a melhor coisa que temos pra fazer. Eu estou em casa, devo sair um pouco apenas pra olhar o consultório. Se você chegar e eu estiver aqui, evite falar comigo. Me deixe no meu momento. Quero chorar tudo o que tenho pra chorar antes das crianças voltarem pra casa. Não quero deixa-las preocupadas. Vamos tentar evitar mais sofrimento pra todos nós. Vamos fazer as coisas com a cabeça fresca. Espero contar com a sua ajuda.

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